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domingo, 15 de julho de 2012

Política - O fim da cogninição.


Sentei para tomar café da manhã fora de casa. Estava passando um desses programas sensacionalistas na TV. A notícia era a respeito de uma família que tinha como amigo um vizinho há 15 anos. O ho mem já era bem conhecido e de confiança.
Aconteceu dos pais saírem de casa e deixarem as duas filhas de 16 e 20 anos. Preocupados, pediram para o tal amigo “olhar as meninas”. O bandido estuprou e matou as duas.
Não bastando a carga negativa transmitida pela notícia, uma pessoa que assistia a reportagem perto de mim soltou em alto e bom tom: “Isso é culpa de quem vota no Alckmin!”.
Será que foi isso que eu ouvi?
As outras pessoas começaram a se manifestar, afinal algum sentido deveria ser encontrado nessa fala. Disparam-se os comentários e questionamentos:
“Mas o que o Alckmin tem com isso?” “Quem faz as leis, o Alckmin?” “Quer que o governo coloque polícia dentro da casa da pessoa?”
O indivíduo sem rumo com tantas perguntas disse: “Colocar leis mais duras”,“Tinha que acabar com esse negócio de direitos humanos!”.
Confesso que na hora tive que respirar fundo para não soltar algumas informações básicas de esclarecimento da forma arrogante (que repudio) inerente a mim. Acho que consegui. Afinal as críticas mais duras não devem se concentrar no cidadão em questão, mas nessa burrice social desenfreada.
Isso não poderia deixar de se tornar mais um pensamento publicado em meu Blog.
A alienação política, fanatismo partidário, falta de educação básica do povo e outros fatores levam à uma produção de pensamento operacional repetitivo e vazio.
As pessoas acham que o Estado é totalitário, provedor, mãe e babá... Responsável pelas vidas íntimas, pelos sucessos e fracassos do povo criança que deve mamar nas suas tetas.
E o pior é que apenas acham... Sem a construção mínima de conhecimentos ou hipóteses inteligentes que sustentem esse achismo.
Sem dúvida, o Estado acaba tendo muito espaço para ações negativas pelo não envolvimento do povo nas suas ações e pela própria cultura da vantagem. E o mesmo povo projeta nele a origem de todos os males.
A falta de discussão política e formação cidadã nas escolas forma pessoas alienadas que passam suas vidas aprendendo a repetir coisas das quais não entendem em vez de  produzir conhecimento.
Fico assustada quando uma pessoa não sabe basicamente o papel de um governante, não conhece os canais públicos de fiscalização, não sabe o nosso papel nisso tudo e repete como um papagaio os retalhos do que ouve por aí sem um pingo de senso crítico e pensamento produtivo.
Fico mais assustada quando lembro que essa pessoa representa uma parcela gigante da população que vota, age e produz ideias de massa.
Os discursos são tão automáticos que não se esforçam para fazer sentido, ter alguma ligação lógica ou coerência.
A pessoa em questão é petista. Ok, bacana ter uma opção política.
Agora pergunto: Como você assume uma posição partidária sem saber o que os políticos fazem? Como faz isso sem ter a noção básica do funcionamento de um país? Como faz isso sem ter um pingo de crítica social, conhecimento básico político? Como você assume uma posição partidária achando que um governador tem total poder de evitar um crime brutal que aconteceu dentro das paredes íntimas de uma casa de amigos? Você acha que esse governador tem o poder de mudar as leis e as consciências de toda uma nação.
Certamente, no ouvido do povo há uma espécie de “Big Brother” onde a sociedade é percebida pela televisão de forma superficial, as opiniões são vazias e o que fica de conhecimento são os retalhos que mais chamaram a atenção.
O filme Tropa de Elite mostra uma realidade violenta e política das cidades. É um filme. Ele foi escrito a partir de uma realidade, mas contado com um ponto de vista apenas e claro, o ponto de dá audiência.
Esse filme passa a mensagem que “o tal dos direitos humanos” protege bandido. Ou seja, é uma coisa ruim.
As pessoas se revoltaram contra “o tal dos direitos humanos” e nunca souberam o que é isso.
O “povo”, aquele de pensamento operacional e blá, blá, blá... Não faz esforço para pensar no todo. Não percebe que os direitos humanos são conquistas do ser humano. Nunca foi lido um artigo sobre isso, nunca houve a inscrição numa palestra, isso nunca foi discutido na escola.
Fico assustada quando alguém diz que isso não tem que existir e não sabe explicar o que é isso. Mais uma vez ouviu um discurso quebrado, achou bonito e repete, repete, repete... Parece-me que a fala começa no nariz e termina na boca. Recuso-me a admitir a participação do cérebro nesse processo.
Com minha imaginação “sensato-psicótica” já imaginei uma eleição pública para o fim dos direitos humanos, onde alienados votarão. O nosso futuro está por inteiro nessas mãos?
Mas é claro que esse mesmo povo não se vê como coparticipante dessa “festa pobre”.
Nessa linha de pensamento vou viver minha vida, puxar um “gato.net”, fumar um baseado, sonegar imposto, assistir um Big Brother e deixar que o Estado acabe com essa onda de violência e corrupção.
E se um louco me atacar na minha casa... Deus me livre!  O PT me proteja!

domingo, 3 de junho de 2012


Violência psicológica doméstica – Tão comum quanto respirar e  tão invisível quanto o ar.

 

Quando Comecei a fazer estágio atendendo mulheres vítimas de violência doméstica, achava que aquela realidade estava muito longe de mim.
Era terrível lidar com aquela realidade. Mulheres derrotadas que andavam com olhar baixo por vergonha das marcas em sua pele e em sua alma. O mais terrível é que muitas julgavam merecer os maus tratos. Suas mentes eram marcadas a ferro e fogo pela cultura machista que diz que “mulher direita” se submete ou deve pagar por isso.
E o pior... O “amor explosivo” dos agressores causava dependência nessas mulheres, pois talvez seja a única forma de amor que conhecem.
Há algum tempo atrás, antes da reformulação da Lei Maria da Penha, as agredidas registravam suas queixas na delegacia e as retiravam assim que recebiam o pedido de perdão. Algumas delas chegavam a dar queixas mais de dez vezes e nunca concluíam o processo.
Em minha pós-graduação busquei uma instituição feminista para estudar. O trabalho neste tipo de instituição recebe pouquíssima ajuda, afinal, a ideia de igualdade de gênero ainda fere a lógica patriarcal apoiada por homens e mulheres. A cultura religiosa reforça essa lógica.
Quando se fala em trabalhos com prostitutas, em mulher e direitos sexuais ou em divórcio, surge um grito opositor cristão  que paralisa ou retarda as lutas.
No antigo testamento encontramos vários momentos históricos que mostram claramente a posição da mulher. Eram verdadeiras funcionárias de seus maridos com diretos sociais e deveres “trabalhistas”. Algumas eram compradas ou dadas de presente. Também existiam amantes legalizadas, as concubinas.  
No decorrer da história o sexo feminino aprendeu a não falar, a se  submeter, a esquecer. Algumas mulheres corajosas enfrentaram essa lógica e foram mortas violentamente no decorrer dos séculos.
Hoje tudo parece diferente. As mulheres estão na mídia, no mercado de trabalho, nas lideranças. Hoje não são criminosas por assumirem sua sexualidade... Será?
Hoje a punição para a mulher que tem coragem de assumir sua liberdade é psicológica. São taxadas de vadias com relação ao sexo,  são maltratadas no trânsito por dirigirem e mal faladas por não se dedicar perfeitamente a casa.
Afinal, no inconsciente coletivo, lugar de mulher é no fogão cuidando do marido e ficando caladinha.
Você  acha que isso não existe hoje? Vamos aos exemplos mais próximos voltando ao assunto da violência doméstica.
Conheço mulheres ligadas intimamente a mim que sofrem violência doméstica psicológica e não se dão conta.
Elas são humilhadas diariamente, seus maridos as diminuem por não cuidarem bem da casa, as culpam por trabalharem fora e jogam sobre elas toda a responsabilidade dos filhos. Quantos casos assim você conhece? Isso é violência doméstica SIM e está prevista em lei. E é uma violência aceita e legitimada pela cultura.
Essas mulheres desesperadas com suas vozes silenciadas, suas vidas atropeladas e suas noites em claro ainda convivem com a culpa de não serem “boas esposas”.
Buscam apoio na religião ondem aprenderam que Deus é bom achando que lá encontrarão uma palavra de apoio e recebem mais culpa. Os conselhos dos padres e pastores de suas comunidades não cessam em dizer que elas precisam manter esse casamento. Suas amigas da comunidade não aceitam uma decisão contrária a isso. Estão todos cooperando para manter o status quo.
Na violência física a mulher ainda pode mostrar a marca dos maus tratos e provar o motivo da sua amargura. Na violência psicológica ela não pode. Tudo que disser não vai passar de palavras vazias de uma mulher que não está sabendo cumprir seu papel.
A violência psicológica sempre é sofrida na sombra, na escuridão, na solidão. E alguém sem apoio é alguém sem força para mudar, é alguém destruído.
Eu como cristã (não nos moldes estereotipados) sinto dor em ver a posição assumida pelos líderes e seguidores religiosos. Onde as velhas forma de opressão são reforçadas. Onde as pobres mulheres que buscam apoio não tem direito de dar a volta por cima.
A felicidade é uma possibilidade dada por Deus diante das boas escolhas. A liberdade para decidir seu destino é um direito. O divórcio é um caminho possível, legal e sadio em muitas situações.
Creio que isso não agride a consciência de Deus, a violência sim.


quinta-feira, 29 de março de 2012

Pensamentos soltos


Partículas da minha mente voam para o universo. Elas viajam por ondas que cercam a terra e se dispersam nas órbitas dos planetas. Eu jamais quero que retornem da mesma maneira.

Por que cada pensamento que se projeta é um pedaço meu que se deforma e se transforma por diversos caminhos e retorna com almas que não conheço, mas fazem parte de mim.

Sinto-me tão firme e racional a ponto de ter sonhos psicóticos e não me sentir diferente do que conheço por Humano. Essa é a essência espiritual, formativa, da qual busco me aproximar com paixão e a cada nova luz me parece mais evidente a escuridão.

Livro-me de correntes que prendem meus pés e me dou conta que são correntes de carne, constituídas do meu próprio DNA. Então, algumas vezes opto por guardá-las para quando eu precisar, e outras vezes opto por fingir que não as vejo. Certas vezes devo ter coragem e uma dose de loura de acabar com elas num ato de mutilação.

O que me resta é o livre acesso do pensamento ao que não compreendo. Não por uma visão dualista de carne e espírito... Pois quanto mais penso, mais sinto e quanto mais racionalizo, mas instintiva sou. Não importando quantos fragmentos cabe em mim, a essência é uma.

Sou Saturno. Onde meu corpo parece ser sólido e nuclear, mas ao meu entorno giram anéis de poeira, rochas e gazes invisíveis... Idéias.

Todos os opostos e complementares dessa dinâmica fazem parte de mim. Nada com tanta solidez o quanto parece. Nada com tanta abstração o quanto se sugere.

E na descoberta, entre dores e sorrisos... permito-me gozar sem culpa. Permito-me ter convicções e duvidar delas a cada nova experimentação. Pois o que Deus deu de mais precioso ao ser humano é o intelecto.

O mesmo intelecto que me permite sentir além dos meus órgãos sensoriais, que me permite criar motivos.

Alguns homens crêem em apoteose. Eu creio na espiritualidade humana, aquela que não nega a essência e não limita os sonhos. Creio na poesia inerente ao ser, na arte como princípio da criação.

Não sou dicotomia entre razão e emoção. Não sou separação entre espírito e carne. Sou parte de tudo que há. Quero me individualizar (resguardar) e ao mesmo tempo me projetar para fora.