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segunda-feira, 1 de novembro de 2010

O pensar, o penhasco e o agir: Uma tentativa honesta de auto-reconhecimento.

"Essas mudanças de humor talvez fossem, exatamente a chave do desespero"
Breuer, no romance Quando Nietzsche chorou de Irvin D. Yalom.

Ter dias confortados por sentimentos estáveis, seguros e contínuos parece ser o ideal de saúde mental e espiritual. Acreditando nesse padrão a autocrítica torna-se uma cobradora imperdoável.
A auto-regulação torna-se auto-regulamentação num sistema de regeneração precária, cárcere de um ego infrator.
Posso sentir-me intelectualmente livre, muitas vezes dotada de uma filosofia sofisticada e, algumas vezes arrogante, como se apenas meu pensamento fosse lógico.
Outras vezes sinto-me empática, aprendiz de verdades que não conheço, porque são singulares. De certo, é mais fácil dobrar-me às verdades alheias quando vem de uma alma criativa e não quando tais verdades estão diante dos olhos como algo pré-determinado e perene. Afinal o que é demasiadamente real e sem possibilidades, soa-me como uma mentira do óbvio. Quando algo se apresenta de forma clara demais, desvia o interesse da reflexão.
No pensamento de Bauman, chegamos a um mundo que está posto, pré definido por alguém e a mudança, a transformação da lógica imposta na modernidade é uma ameaça ao sistema que está viciado em si mesmo.
A angústia da vida e a falta de capacidade de alinhar a mente livre ao que está posto num mundo pronto causam-me cansaço. Por outro lado, poder sentir a mente livre traz um gostoso bem estar humano transcendental.
"Chego a pensar que me sinto perigosamente bem" Faço minhas as palavras de Nietzsche na ficção de Yalom.
Quando encontro um abismo cósmico entre idéias vivas e atualizantes e o mundo óbvio, quão fica difícil encontrar moradia para as ações. Sinto-me cigana de uma alma nômade.
Vê-se a impossibilidade de agir em congruência com a liberdade da alma e em consonância com os caminhos do mundo. Chão este que me prende e me frustra, mas não é menos atraente que o céu.
Mundo tal que, pasme, faz parte da gravidez e nascimentos de tais idéias, mas que não é capaz de dar conta delas, porque ganham vida própria.
Agir e pensar coerentemente em ações rotineiras pode parecer não ser grande coisa, mas em ações mais elaboradas causa dor. A dor da renúncia ou a dor da incompetência em renunciar (ou coragem).
Então o pensar livre é mais seguro que o mundo normatizado? Diria que ambos são incertos e surpreendentes e em alguns momentos encontro mais segurança em um, em outra ocasião em outro.
Desejo que o seguro chão, não me faça crer que não tenho asas e que o céu não me faça esquecer que tenho pés.
Incerto é meu estado de coisas, meu sentir, meu mundo... Que tento interpretar... Recuo, avanço e muitas vezes deixo-o guardado apenas no campo das idéias.