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quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Humanização de humanos?




Estou participando de um diálogo em rede sobre a política nacional de humanização do SUS, que já existe há alguns anos. Pretende-se tornar o atendimento mais humano em todos os níveis. Essa tendência não é nova e nem exclusiva da saúde pública.
Nas grandes empresas, também se abre uma discussão atual sobre como humanizar os processos e o ambiente de trabalho, humanizar o sistema penitenciário, humanizar as escolas... Tivemos há algum tempo atrás o movimento humanista e nele a psicologia humanista que criticava as formas de concepção do homem como produto condicionado do meio ou determinado pelas forças do inconsciente, ou seja, essa forma de pensar concebeu o homem como livre para escolhas, característica meramente humana.
Mas tudo que temos em sociedade provém do homem. Certo? As organizações de trabalho emergem de uma ação humana, o estado, o público, a liderança, as leis e o que mais possamos pensar como ordem social só existe a partir de um ser criador, o ser humano. Parece contraditório e intrigante ter que se falar hoje em humanização das instituições legitimamente humanas.
O que podemos pensar a partir disso?
Talvez tenhamos transformado todo o espaço que criamos em prol da nossa vida e nossas necessidades em impérios de ferro com sua própria glória. A instituição trabalho que surge do homem pela sua necessidade de criação, organização e provisão passa a ser uma instituição engessada com suas próprias necessidades criando um sistema onde o homem é o serviçal. O sistema econômico e jurídico foi criado pelo homem para regulamentar seus direitos e deveres garantido-lhe segurança e bem estar, mas esse criou alma altiva. Onde tínhamos o sistema para o homem, passamos a ter o homem para o sistema.
Os processos, normas, padrões devem ser cumpridos a qualquer custo em detrimento do humano. A sociedade veio se desumanizando no decorrer de sua história, o homem se dobrava ao seu império, mas nunca ao seu semelhante.
Chegou-se a um estado de solidão onde vizinho não conhece vizinho, pais não conhecem filhos, mas não conhecer as metas da sua empresa, as normas do seu condomínio ou as leis que você deve cumprir é imperdoável.
Passamos a reparar que nossa desumanização coloca em risco nosso funcionamento em sociedade. E agora temos pressa em tentar reparar.
Estamos criando meios, conversas, projetos, políticas para tentar retornar ao que somos por essência: Humanos.
E meu desejo é que consigamos chegar lá.