sábado, 13 de março de 2010
Sobre a felicidade - visão pessoal.
A felicidade é algo investigado por várias áreas do conhecimento. A psicologia, a filosofia, a biologia, a sociologia e outras ciências discorrem sobre o assunto.
Falar sobre o prazer, talvez seja mais simples. Afinal o prazer tem uma causa específica ou uma junção de várias causas. Mas o mesmo pode ser pensado sobre a felicidade?
E o desejo? Terá ele alguma relação com a felicidade?
Não há uma resposta imediata, mas podemos pensar muitas coisas sobre o desejo. Primeiramente, será que tudo o que desejamos é uma vontade nossa intrínseca? Você pode fazer uma lista do que deseja hoje. Provavelmente você vai dizer: Desejo ser um profissional bem sucedido (sim, você não é o único), desejo casar, ter uma bela casa, morar na praia, ser advogado, ser secretária, professor... e assim por diante.
Devo te dizer que se deseja algo descrito acima, seu desejo não é original. Almejar essas coisas não é algo de dentro de você. Isso é o que a sociedade deseja e conseqüentemente tais desejos são refletidos nos indivíduos. Quem viveu na Grécia antiga, por exemplo, desejaria ser um Rei ou um sábio. E agora, você consegue pensar em algo que você deseja de dentro de si?
Se deseja água, comida, sexo, também não se difere dos outros animais. Que desejos seus não seriam naturais ou sociais? Creio que ficou mais difícil pensar.
Mas não é difícil saber que a satisfação de tais desejos não garante a felicidade. Todos nós temos algum projeto de vida, uns mais estruturados, outros nem tanto. Chamamos de sonhos as ânsias que tais projetos produzem dentro de nós.
Ter sucesso nesse percurso, sem dúvida nos alegra, nos traz alívio e prazer. Afinal, o movimento de vida do homem é um movimento constante de projeção. A medida que se alcança um alvo, parte-se para outros e assim sucessivamente.
Expressões de alegria e satisfação são comuns a todo ser humano, já não podemos dizer o mesmo da felicidade. Até os infelizes riem e se alegram, até os felizes choram.
Vemos pessoas bem sucedidas, pessoas com uma família exemplar, com bons relacionamentos que não alcançam a felicidade, embora elas tenham fontes inesgotáveis de prazer. Por outro lado, podemos encontrar pessoas com grande dificuldade de se manter financeiramente, pessoas solitárias, pessoas que passaram por grandes perdas e dores e mesmo assim a luz da felicidade brilha nelas. Sim, porque não entendo felicidade como ausência de dor, mas como um estado sem explicação externa. Apenas se é feliz.
Que dinheiro não traz felicidade, todas as pessoas já acreditam de alguma forma. Mas se acredita que outras coisas mais essenciais ao homem constroem um sujeito feliz. O amor das outras pessoas, a segurança, o apoio e etc. Isso tudo é essencial para a expressão de uma vida plena. Mas ainda assim, não encontramos respaldo nos exemplos. Pessoas felizes e pessoas infelizes nem sempre vem de realidades tão distintas.
Então, onde procurar a felicidade?
Observemos uma pessoa feliz. O mais evidente é seu estado de espírito. Dá-nos a impressão de que sua alma voa, mesmo não tendo motivos.
Encontrar-se com o mundo é o segundo passo. O primeiro encontro ocorre dentro de si. Por isso entendo felicidade como uma substância espiritual. Não me refiro às religiões, afinal nunca encontrei uma em que todos os seus fieis são felizes ou em que todos deixam de ser.
Mas me refiro ao encontro de si, ao deitar da alma num aconchego divino. Assim, o sujeito dirigi-se ao mundo com outra atitude. E ainda diante de dores, ele flui amor, o que deixa o ambiente mais propicio aos relacionamentos, a segurança e etc.
Pense naquele velho que levanta com o cuidado de não machucar mais seus joelhos, come seu pedaço de pão dormido e com gozo na alma agradece por mais um dia.
A felicidade é o sentimento mais natural de gratidão, sem que isso tenha que ser motivado. Gratidão, porque a alma se encontrou com uma fonte de vida que transcende os sentidos.
Sentir a alma livre traz uma pré-disposição para sentir as coisas leves.
Feliz, vem de Felix, que originalmente no latim queria dizer fértil, dar frutos no sentido literal, depois sendo usado de forma metafórica para afortunado, satisfeito.
A alma livre dá frutos através dos sentidos. É como um fluir entre ser e mundo que é filtrado e renovado pela percepção, para que se siga de forma melhor.
Vendo a felicidade como espiritual, vejo-a, resumidamente, como o estado de uma alma grata.
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Em meu vasto conhecimento limitado... creio que o ser feliz não existe. Felicidade é momento, está em um segundo ou em um punhado deles bem juntinhos... heheheheh... Não se deve procurá-la, pois ela esta em cada um, basta se permitir e sentir...
ResponderExcluirObrigada Helder!
ResponderExcluirE a permissão vem de dentro...